
Estética Negra

"Quem tem preconceito não enxerga a beleza do negro." (Negra Li)
"Em Terra de chapinha, quem tem cacho é Rainha" (Desconhecido)

Os Turbantes

Para muitos o turbante é apenas um pedaço de pano sobre a cabeça, mas não, ele possui uma riquíssima história. História essa que não envolve somente a África, mas sim a fé Islâmica e a cultura Indiana.


Na fé Islâmica, ele possui um grande símbolo material religioso onde é adquirido um “reforço espiritual na consciência”, como se fosse um protetor de pensamentos. Na Índia o turbante também possui um grande símbolo religioso, onde não se devem cortar os seus cabelos e somente envolver o turbante nos mesmos. Além disso, os turbantes são utilizados para a proteção do sol, culturalmente ao trocar o seu turbante com outra pessoa significa irmandade e também é utilizado pelos homens indianos em seus casamentos.

Ojá, como é conhecido pelos africanos, chegou ao Brasil através dos africanos que eram trazidos como escravos onde é utilizado no Candomblé, Umbanda e no Xangô com as mesmas finalidades religiosas, servindo de respeito e proteção aos filhos de santos.


O turbante, assim como outros símbolos materiais que são vistos apenas como adereços, carrega um significado, onde a questão não é apenas fazer uso ou até mesmo julgá-lo, mas conhecer com profundidade toda a sua trajetória. Em uma publicação do portal Geledés traz uma história de preconceito, onde uma senhora avista uma moça num ponto de ônibus e pergunta se referindo ao turbante “Por que você usa este troço na cabeça?” A moça responde “Para me proteger...” e em seguida a senhora faz outra pergunta “Você faz magia negra?” a mesma responde “Sim, faço! Anota aí a receita” e começa a passar a receita de uma feijoada. A autora Cristina Dulce Souza Costa que escreveu esta pequena história foi quem sofreu com esse ocorrido e através desta nota-se tamanha ignorância e preconceito vindo de muitos ao julgar o turbante sem ter conhecimento do real significado.
(MARTINS Johanna, n°16. Referências: PortalGeledés & SoulNegra).
O cabelo é praticamente nossa identidade estética, é aquele que acaba destacando a nossa beleza, seja ele liso ou cacheado. E, em se tratando de cabelo, as pessoas costumam julgar muito, principalmente se ele for cacheado ou afro. “Ele acaba sendo considerado para algumas pessoas lindo e para outra ruim”, embora elas ainda não saibam que cabelo ruim refere-se a cabelo desidratado e com pontas duplas, e não pelo fato dele ser cacheado ou afro. Os brancos passam a julgá-los tanto como “cabelo ruim”que muitos negros acabam não assumindo seus cachos e criando uma visão de que os brancos é que estão certos, usando assim, chapinhas e tratamentos para alisá-los para se “encaixar” no padrão da sociedade de que cabelo bom é cabelo liso. Assim, em vez de mostrar o quão belo é seu cabelo com todos aqueles cachos, eles acabam os escondendo. Mas, para nossa alegria, muitos não ligam para o que os outros pensam. Assumem o seu cabelo do jeito que ele veio ao mundo, logo, deixando de se importar com esse padrão que a sociedade impõe, que para eles e para muitos não importa, o que importa de verdade é o que você é, e não o que os outros querem que você seja, afinal, cabelo não define e nem nunca definirá quem você é de verdade. (JACKELINE, Paola, n°27)


Quando falamos de estética colocamos em destaque o que vemos. A estética vai além de apenas algo externo, ela mostra também os costumes,a história e o mais importante, a identidade de algo ou alguém. E o que costumamos ver além da cor exuberante de uma mulher negra são seus cabelos, sejam eles: longos ou curtos, mas sempre com uma característica importante, os cachos.
Nossa sociedade racista não demonstra o merecido respeito por esses cachos e por isso o mercado lança e “obriga” as mulheres a seguirem um modelo de cabelo que é considerado correto, o cabelo liso.
É costume entre as mulheres negras usar penteados com tranças, turbantes e muitos outros adornos como brincos, anéis e pulseiras, que são usados para transmitir uma boa estética e enfeitar o corpo.
As tranças são feitas com certo nível de complexidade, que são resultado e fruto de técnicas que são passadas de geração em geração.
Podemos ver que desde o inicio as crianças como grande parte da população são manipuladas, criando assim um conceito errado sobre o cabelo “afro”. Com relatos de pessoas e pelo que vemos, percebemos que os garotos geralmente raspam a cabeça por dois motivos: pela causa da dor física (ao pentear e cuidar), de outro a moral, por causa do preconceito.

A mídia faz com que o modelo de um cabelo liso seja bastante almejado entre as jovens de hoje me dia, fazendo com que elas desvalorizem os seus cachos, formando então um pensamento de que o cabelo enrolado seja algo ruim.
E são devido a essas críticas racistas que acabam levando a população negra a gerar um sentimento de inferioridade e busca atrás de outra imagem.
O cabelo faz parte não só de um aspecto estético, mas também cultural, interagindo então com os campos da religião, étnica social, político e é um símbolo notável.
(SANTOS, Dhara n°06)

Apropriação Cultural
O Rastafári

Quando escutamos a palavra “Rastafári” logo nos lembramos dos cabelos trançados que é muito utilizado somente pelo seu valor estético e, por desconhecimento dos valores de usos e costumes em uma cultura, as pessoas se apropriam sem saber o seu significado, visando apenas à beleza.

Mas então, qual seria esse significado?
O rastafarianismo foi um movimento político e religioso que prega o retorno para a África, sendo que “Ras” significa Príncipe e “Tafari” significa “Da Paz” onde traz a figura de Haile Selassié I que discursou contra as teorias e as violências racistas durante a Segunda Guerra Mundial e este nome foi dado a ele.


"Enquanto a filosofia que declara uma raça superior e outra inferior não for finalmente e permanentemente desacreditada e abandonada; enquanto não deixarem de existir cidadãos de primeira e segunda categoria de qualquer nação; enquanto a cor da pele de uma pessoa não for mais importante que a cor dos seus olhos; enquanto não forem garantidos a todos por igual os direitos humanos básicos, sem olhar as raças, até esse dia, os sonhos de paz duradoura, cidadania mundial e governo de uma moral internacional irão continuar a ser uma ilusão fugaz, a ser perseguida, mas nunca alcançada.”
(Selassié, Discurso na Liga das Nações, 1936).
Após este discurso Selassié tornou-se um Rei Soberano para os jamaicanos onde passaram a acreditar a manifestação de Jah em sua pessoa, assim eles crêem em Selassié. Bob Marley se inspirou no discurso de Selassié com a composição de sua música “War”. O Rastafarianismo influenciou também na vestimenta dos jamaicanos que é composta de algodões coloridos em uma roupa mais larga juntamente com as tranças e “dreadlocks” nos cabelos.
Os jamaicanos, em seus hábitos alimentares fazem uso de frutas, vegetais e em seus rituais fazem uso da marijuana (maconha) onde toda justificativa está na Bíblia. Sendo assim, o Rastafári não deve ser reconhecido apenas por sua beleza estética. A cultura africana não utiliza um adereço só por usar, envolve toda uma história, seja ela boa ou ruim estes valores fazem parte de sua apreciável cultura que cada vez mais, mesmo com os preconceitos e discriminações, vem ganhando força em nossa sociedade.
(MARTINS Johanna, n°16. Referência: HistóriaDoMundo)



Cada vez mais podemos evidenciar que negros e brancos acabam trocando entre si culturas distintas. Muitos negros, devido ao padrão que a sociedade impõe, querem ter a “beleza” dos brancos, cabelos loiros e lisos com olhos azuis. Já alguns brancos querem o que os negros possuem, mas não o que eles são e representam para os outros. O uso de “dreads” e turbantes,por exemplo,faz-se comum entre países de origem negra e indígena devido ao seu valor religioso e característico de sua determinada região. Por isso, apenas negros o usavam, afinal, os brancos não queriam ter características que os negros tinham. Entretanto, os brancos passaram a se apropriar de várias coisas da cultura negra, massempre as modificavam “Em um processo de embranquecimento, elitização e exclusão dos costumes.”(RIBEIRO STEPHANIE. revistacapitolina.com. BR/o-que-e-apropriacao-cultural)retratando como algo que fosse de sua própria invenção. Então, podemos concluir que, se apenas negros usassem turbantes e “dreads”esses acessórios não seriam tão usados popularmente assim. Mas, devido à mudança que houve nestes determinados acessórios, brancos passaram a usá-los, tornando-os “modinha” e esquecendo que é algo propriamente dos negros e que não se tratam somente pelo seu valor estético, mas também por seu valor cultural e religioso. (JACKELINE Paola, n°27. Referências: RevistaCapitolina)

Sobre o Turbante:
Meu turbante, minha coroa. “A ancestralidade evidenciada nas rainhas contemporâneas.” (MACIEL ANDRESSA. negrosenegras.com. BR). É assim que ele é retratado para a cultura negra. O turbante é como se fosse uma “coroa” para eles, pois, possui seu valor histórico de lutas e resistências, e leva consegue toda uma cultura que através deste é passada para as outras gerações. (JACKELINE, Paola, n°27. Referências: NegrosNegras)

Poesia sobre o Turbante
Menina de turbante,
Com tecidos coloridos
E sorriso estampado no rosto.
Tão belas amarrações
Fazem a tua cabeça
E te deixam ainda mais bela,
Apesar de tão grande
Já ser a tua beleza.
De ti irradia uma luz,
Que se espalha e te espelha.
A força que tu tens
É a tua maior riqueza,
Vem da tua raiz ancestral,
Tua história de lágrimas
E grandezas.
O teu turbante, menina,
É majestoso, realeza!
E a tua cor, preta,
a tua cor preta
É a tua nobreza.
Este turbante imponente,
Em contraste com a tua pele
Ébano iluminada,
É uma jóia rara,
Coroando uma deusa negra.
(JACKELINE, Paola, n°27. Referência: MeninaDeTurbante)

Reportagem sobre Racismo Estético


Kelly Cristina Nascimento



Taís Oliveira


Dayana da Silva Santiago


Jéssica Caroline da Silva Conceição

Débora Andrade

(FONTE: her.uol.com.br/beleza/listas/nao-consigo-emprego-por-causa-do-meu-cabelo-afro-veja-casos-de-racismo.htm)
